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domingo, 15 de março de 2015

Grande Entrevista Séka Peli Info com Nivaldo Semedo 






Dados pessoais
Nome completo: Nivaldo Semedo
Data de nascimento: 31-12-1981
Clube: Boavista Futebol Clube da Praia
Função: Vice-Presidente


Nivaldo Semedo, nascido no seio de uma família amante do futebol, é sinônimo de humildade, motivação e muita perspetiva para o futuro.
Depois de regressar do Brasil, país onde fez os seus estudos, com o intuito de dar o seu contributo efetivo ao Boavista, Nivaldo, com o aval do presidente, teve a ideia de reunir “um grupo de amigos, um grupo de jovens e competentes quadros” com o objetivo de “constituir uma mais-valia não só para o Boavista Futebol Clube da Praia, mas também para o desenvolvimento do futebol cabo-verdiano”. Estava assim dado o primeiro passo para que o jovem cabo-verdiano abraçasse o dirigismo desportivo e logo num dos campeonatos regionais mais disputado de Cabo Verde.
Semedo concedeu uma entrevista ao SEKA PELI INFO, onde ele fala da satisfação em ver o clube do seu “coração evoluir, ultrapassando barreiras, obstáculos e metas, que eram impensáveis há um par de anos”. Naturalmente, apontou os objetivos a serem alcançados assim como as conquistas conseguidas até a presente data. Confira os melhores momentos…


“(…)o nosso futebol necessitava principalmente da ousadia que é uma característica bem presente no DNA dos mais jovens.”

Como é que se deu a entrada do Nivaldo Semedo no mundo do futebol e particularmente 
numa função (dirigente) até aqui mais dominada pelos veteranos?

R: A minha entrada no mundo do futebol deu-se de forma natural, visto que comecei a frequentar o 
Estádio da Várzea ainda na barriga da minha mãe, que mesmo grávida não falhava os jogos, e 
desde essa altura tornou-se um hábito, uma paixão, e nunca mais deixei de acompanhar, exceto 
quando fui ao Brasil estudar, mas mesmo à distância seguia de perto e quando concluí os estudos, 
regressei a Cabo-Verde e achei que era o momento certo para dar o meu contributo mais efetivo 
ao BFC, em termos de organização e estrutura. Foi nesse momento que decidi abraçar o 
dirigismo desportivo.

Ao entrar para o mundo do futebol o que é que traçou como objetivo pessoal, para o bem 
da mesma modalidade em Cabo Verde? O Nivaldo em algum momento disse para si 
mesmo: “Eu quero mudar isto e aquilo?”

R: Naturalmente que sim! O futebol cabo-verdiano, nomeadamente o da Praia, precisava 
(e ainda precisa) de tomar novos rumos. Os dirigentes mais antigos fizeram muito pelo futebol 
e continuam a fazer muita falta ao futebol, mas indubitavelmente o nosso futebol precisa de 
novas ideias, novos métodos e novas filosofias. Para dar maior sustento ao trabalho efetuado 
até agora, o nosso futebol necessitava principalmente da ousadia que é uma característica 
bem presente no DNA dos mais jovens.

Dito isto, qual é a sensação de estar a contribuir para a evolução do Boavista, em particular?

R: Para mim é um orgulho e satisfação sem precedente ver o clube do meu coração evoluir,
 ultrapassando barreiras, obstáculos e metas, que eram impensáveis há um par de anos.


“Em termos organizacionais temos vindo a trabalhar de forma estratégica e para um
 Boavista de referência a todos os níveis(…)”

Já agora qual o objetivo do Boavista a médio e a longo prazo?
R: No plano desportivo o Boavista FC da Praia participa em qualquer competição com o 
objetivo de vencer. Na época passada ficamos na quarta posição do campeonato Regional de 
Santiago Sul. Num ano em que considerámos ser o ano de reorganização profunda.

Este ano porém, quisemos mudar esse cenário, reforçamos cirurgicamente a equipa e o resultado 
até agora tem sido satisfatório, pois lideramos de forma isolada o campeonato regional e estamos 
na final da Taça de Santiago. Portanto, temos uma excelente oportunidade de conseguir 
a famosa “dobradinha” que mais que um desejo torna-se uma meta e objetivo para a equipa
 técnica, jogadores e dirigentes.

Com a entrada dos mais jovens na direção do Boavista, o clube tem surpreendido os
 adeptos e os adversários pela positiva através das medidas adotadas. Quais as outras
medidas de reestruturação que tem em curso?

R: Em termos organizacionais temos vindo a trabalhar de forma estratégica e para um
 Boavista de referência a todos os níveis, um Boavista apostando no marketing e 
merchandising, um Boavista com uma visão empresarial, um clube com os seus deveres 
e compromissos em dia, resumindo em uma palavra um Boavista sustentável.

Como funciona a direção do Boavista? Como foi feita a divisão de poderes? Os adeptos 
gostariam de saber como funciona essa mistura entre veteranos e os mais jovens.

R: O clube teve o seu ponto de viragem quando (com o aval do Presidente) reuni um grupo de amigos, um grupo de jovens e competentes quadros, que na altura senti que efetivamente poderiam constituir uma mais-valia não só para o BFC, mas também para o desenvolvimento do futebol cabo-verdiano.

Na altura a árdua tarefa foi sensibiliza-los para o facto do desporto em geral não se resumir apenas às habituais discussões entre Benfica e Porto, Messi e Cristiano Ronaldo etc, etc… enfim, mostrar-lhes que havia futebol para além da Sporttv.

Foi apresentado a cada um deles um projeto ambicioso que consistia no ressurgimento deste grandioso clube e em simultâneo contribuirmos para a valorização do nosso desporto. O desafio foi muito bem aceite, e posso afirmar inclusive que a esmagadora maioria desses jovens abraçaram de forma firme o projeto.

A partir daí tudo aconteceu de forma natural, sentamo-nos à mesa e traçamos detalhadamente o caminho que este clube iria trilhar em busca do sucesso. O trabalho que tínhamos pela frente era gigantesco, e foram necessárias várias, intermináveis e produtivas reuniões.

Na primeira época apesar de várias tentativas não conseguimos um patrocinador oficial, mas sim importantes parcerias como o da Clinica Medici e do Ginásio E-Fit. Era o ano zero, o ano da adaptação e primeiros contactos com uma realidade até então desconhecida para a maioria dos jovens dirigentes.

Dividimos o clube departamentos (Financeiro, Desportivo, Marketing, Disciplinar, Médico e Jurídico) e em cada um deles há um responsável. Apostamos no marketing e no merchandising, escola de formação e angariação de sócios.

Somos hoje um clube com um forte cariz social, um clube voltado para as causas sociais ajudando os menos favorecidos tais como as crianças da Aldeias SOS. Apoiamos a organização de uma campanha de angariação a favor das vítimas do Vulcão do Fogo e também efetuamos entrega de materiais escolares e não só às crianças na localidade de Ribeirão Boi.

Em apenas 7 a 8 meses de trabalho reforçamos a credibilidade do clube, modernizando-o e definindo uma visão estratégica clara e objetiva.


O Boavista, se não estamos em erro, tem dois grandes patrocinadores a Unitel Tmais e,
 mais recentemente, o Novo Banco. Poderia nos explicar em que consiste os acordos 
com essas duas instituições.

R: Para além desses dois patrocinadores referidos, temos também outros que acreditam no trabalho que o clube está a desenvolver. Cada um apoiando na medida dos possíveis, mas todos satisfeitos com a valorização das respetivas marcas. A Unitel T+ e o Novo Banco identificaram no Boavista uma aposta para a visibilidade.

Essas empresas viram no Boavista FC um clube organizado, um clube sério que apresenta um diferencial em relação à maioria dos outros clubes, e quando assim é abrem-se novas portas. A realidade é que após poucos meses de parceria, as referidas empresas mostraram toda a sua satisfação pelo retorno e visibilidade que o Boavista tem dado e que de certeza continuará a dar às empresas que abraçarem este projeto.

De realçar também que temos mais empresas parceiras que também acreditam na sustentabilidade do projeto e na importância da componente social que a nossa realidade tanto precisa.

Como avalia o futebol de formação em Cabo Verde, tanto a nível de clubes como de seleções? 
O que já foi feito, o que falta fazer e qual o papel do Boavista no meio disto tudo?

R: A seleção teve um papel importante na visibilidade internacional do nosso futebol e devemos muito ao trabalho desenvolvido pela FCF, algo que tudo devemos fazer para preservar e melhorar. A nossa seleção, que tem vindo a estar cada vez mais organizada e com melhores jogadores, resulta também da oportunidade que jovens os cabo-verdianos tiveram de praticar o futebol durante a sua infância, na sua maioria em Cabo Verde. O Boavista acredita que na formação é que está o futuro do nosso futebol, tanto para continuar as boas prestações dos nossos Tubarões Azuis, mas também para melhorar o nível do futebol nacional e a competitividade dos nossos campeonatos. O clube tem um projeto de formação e já começou a dar os primeiros passos. É um firme objetivo.

Como adepto, o que é que espera do Boavista da presente temporada?

R: Se me perguntares na qualidade de adepto digo-te que quero ganhar tudo, Taça da Praia, 
Campeonato Regional e Nacional (risos). Na qualidade de dirigente, tenho ainda mais 
motivos para acreditar que temos todas as capacidades e condições para alcançar esses 
objetivos, considerando o trabalho que está a ser feito. Naturalmente é uma competição, futebol
 não é uma ciência exata, existem outras agremiações com as mesmas ambições e objetivos que o 
Boavista e no final só pode haver um só vencedor. Cada jogo é encarado como uma batalha pelos 
nossos jogadores e para nos vencerem terão que suar muito.




“Queremos um Boavista a lutar pelos títulos nacionais e com os olhos postos na Liga dos 
Campeões Africanos.”

Como é que surgiu a ideia de juntar o Nelito Antunes e o Humberto Bettencourt na mesma 
equipa? Algo, até o momento, inédito no futebol cabo-verdiano.

R: Foi uma decisão em perfeita sintonia com o nosso treinador principal da época transata, o Nelito Antunes.

O Plantel desta época é muito diferente da última época, fomos a equipa que mais se reforçou e naturalmente as exigências seriam maiores este ano. O departamento desportivo reuniu-se com o Mister Antunes e chegamos a conclusão que, assim como o plantel, havia a necessidade de reforçar a equipa técnica.

Fomos convidados a participar num Torneio do Município da Brava, e foi quando convidamos o Mister Humberto para juntar-se a equipa na preparação ao referido Torneio. Ele aceitou e assumiu as rédeas da equipa juntamente com o Nelito durante três semanas de treino de preparação para o Torneio.

Participamos e vencemos o Torneio. Porém, mais importante que a vitória no torneio foi o visível entrosamento e empatia que havia entre os dois treinadores e o grupo de trabalho. Posteriormente, e sempre em concertação com o Mister Nelito, decidimos avançar para a contratação do Humberto Bettencourt. Até agora podemos afirmar que estamos convencidos de ter tomado a decisão correta.

Se o Boavista for campeão nacional, a direção tem um projeto que visa participar na Liga 
dos Campões Africanos?

R: Mais do que um sonho é uma meta a longo prazo. Queremos um Boavista a lutar pelos títulos 
nacionais e com os olhos postos na Liga dos Campeões Africanos. Um dos grandes sonhos 
desta nova direção é voltar a colocar o Boavista nessa prestigiante competição, onde já esteve 
presente. Temos um grupo de jogadores ambiciosos e acima de tudo trabalhadores, que merecem
 uma oportunidade fantástica como esta. Mas temos a plena consciência que será uma tarefa 
monstruosa reunir todas as condições, principalmente a financeira. Teríamos que envolver 
apoios de instituições, patrocinadores e da sociedade civil no seu todo. No entanto estamos
 confiantes que conseguiríamos esse feito.

Em Santiago Sul temos tido muitos jogadores a assinaram com dois clubes ao mesmo tempo, 
gerando conflitos entre os clubes e os jogadores em causa. Na sua opinião, o que deve ser 
feito para combater esse problema?

R: Esse é de facto um dos problemas mais sensíveis na parte organizativa do nosso campeonato regional, assim como acontece em várias outras regiões desportivas de Cabo Verde. A informatização das associações e a penalização adequada dos clubes e jogadores que infringirem, poderia ajudar a resolver esta questão. Entretanto acredita-se que é um problema resultante das condicionantes da nossa sociedade, e que um esforço a todos os níveis (federação, associações, clubes/dirigentes e jogadores) poderá minimizar o impacto do mesmo.



“O investimento nas camadas jovens é algo que deve ser encarado com muita seriedade, 
tranquilidade, afinco e determinação.”

Como dirigente de um dos melhores clubes do país, gostaríamos de saber como é que, na sua 
opinião, o deporto e o futebol, mais concretamente, deve ser explorado nas diversas ilhas.

R: Analisando os números dos jovens que estão desempregados e que não estudam, é assustador e todos devemos contribuir com ideias e soluções. O investimento nas camadas jovens é algo que deve ser encarado com muita seriedade, tranquilidade, afinco e determinação. Esse investimento deve ser acompanhado também com formação paralela, em áreas não relacionadas com o desporto. Devia-se também dar maior importância à legislação e aos regulamentos existentes, tanto a nível nacional como internacional e agir em conformidade adotando as estratégias adequadas às mesmas.

Onde é que gostaria de ver o Boavista quando deixar a direção do clube? 

R: O atual Presidente do clube já leva cerca de 30 anos nesta direção e já venceu tudo o que haveria para ganhar a nível Regional e Nacional. Eu como dirigente já tenho um Campeonato Regional, uma Taça de Cabo Verde e um campeonato Nacional. Atualmente ocupamos o Top 3 do futebol cabo-verdiano, mas se me perguntar daqui a 30 anos como gostaria de ver o Boavista FC da Praia responderia: como o número 1 em Cabo Verde em termos de títulos, de organização e de todos os outros aspetos socio-desportivos diretamente ligados ao futebol. Digo mais, gostaríamos essencialmente de deixar um modelo de gestão sustentável, para que a passagem de testemunho entre as próximas geração de dirigentes seja feita de uma forma mais tranquila e saudável possível.



Por: Nilton Ravier Cesare

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